sábado, 12 de dezembro de 2009

Portugueses do sol nascente

No auge de seu império, Portugal teve colônias na costa da África, em ilhas do Atlântico, no Oriente Médio, na Índia, na China, no Sudeste Asiático e no Brasil. Mas um outro país também foi ocupado: o Japão. Ainda que essa história seja pouco conhecida, a presença portuguesa na terra do sol nascente deixou marcas permanentes na cultura local.

Segundo o tratado Teppo-ki ("Crônica da espingarda"), de 1606, os lusos chegaram ao Japão em 1543. Não por acaso, esse registro está contido em uma obra histórica sobre a introdução da arma de fogo no país. A colonização europeia foi apoiada em armamentos, no comércio e na divulgação do cristianismo.

A princípio, cada navio ocidental chegava carregado com pólvora, seda e porcelana, trazidos da China, e especiarias da Índia. Rapidamente, o objetivo comercial somou-se à intenção de propagar a fé cristã. "O binômio missionário-comerciante é constante na história da presença portuguesa no Japão", afirma Madalena Ribeiro, pesquisadora da Universidade Nova de Lisboa.

Em 1582, já havia 150 mil cristãos no Japão e 200 igrejas, além de 20 padres. No auge, o número chegou a 200 mil, distribuídos principalmente no sul do país, em Kagoshima e Nagasaki. Mas a intromissão estrangeira em um país em fase de unificação incomodou as autoridades locais. A partir de 1587, os cristãos começaram a ser reprimidos. Os que não recuaram se tornaram kakure kirishitan, ou "cristãos ocultos". Com o tempo, a falta de contato com sacerdotes católicos fez com que alguns rituais fossem adaptados. Nas missas, a hóstia e o vinho passaram a ser substituídos por sashimi, arroz e saquê. Em 1859, quando chegaram ao Japão, missionários franceses descobriram que cerca de 60 mil japoneses praticavam o cristianismo na clandestinidade. As comunidades kirishitan existem até hoje. Muitas ainda têm orações como pai-nosso e ave-maria, recitadas (sem serem compreendidas) em uma mistura de japonês, latim e português do século 16.

Além da religião, a influência portuguesa marcou a medicina, as ciências náuticas e a astronomia. Os arquitetos japoneses aprenderam técnicas para fortificação de castelos. Outros campos do pensamento ocidental também influenciaram os orientais. "A chegada dos portugueses permitiu uma alteração na maneira de pensar dos japoneses, por influência de ideias como o racionalismo e o liberalismo", diz Ikunori Sumida, diretor do Departamento de Estudos Luso-Brasileiros da Universidade de Estudos Estrangeiros de Kioto. "Foi uma mudança invisível, ao contrário da introdução das espingardas e da religião."

Fé de berço

A maior parte dos japoneses que se mudaram para o Brasil a partir do fim do século 19 conheceu o catolicismo no nosso país. Mas uma pequena parcela descendia dos cristãos escondidos, os kakure kirishitan. "Esse grupo foi importantíssimo para a conversão dos japoneses e nikkei brasileiros ao cristianismo. Eles ofereceram um tipo de catolicismo com o qual os japoneses puderam se identificar", diz Rafael Shoji, do Instituto para Religião e Cultura da Universidade Nanzan, em Nagoia, Japão.

Entre os cristãos que chegavam por aqui estava um missionário católico, o monsenhor Domingos Nakamura. Nascido no arquipélago de Goto, ele conhecia as famílias que atendia, no Paraná e em São Paulo, por causa de seu trabalho anterior, na paróquia de Kagoshima. Madalena Hashimoto Cordaro, 51, professora de Literatura Japonesa na USP, também descende de "cristãos ocultos". "Meu pai contava histórias sobre perseguições ocorridas no passado e crucificações na praia."

Glossário luso-nipônico

Palavras japonesas de origem portuguesa
Padre - bateren
Bênção - bensan
Vidro - bïdoro
Botão - botan
Jesus - Esu
Carta de jogar - karuta
Pão - pan
Tabaco - tabako

Sustentabilidade


Parece um terminal de aeroporto. Mas é um galinheiro. O projeto da empresa israelense Agrotop prevê cataventos solares no teto, energia solar, reciclagem da água e até travesseiro para as aves. As fezes das galinhas serão usadas para gerar combustível. O projeto deve atender as futuras exigências da União Européia validas a partir de 2012.

O galinheiro vai gerar energia suficiente para seu próprio consumo e ainda produzirá um excedente para ser vendido na rede elétrica do país.

De acordo com as exigências européias, o galinheiro oferecerá o dobro de espaço para cada galinha nas gaiolas. O suficiente para que se movimentem livremente, tenham ar fresco e iluminação natural. Até espaço para bater as asas. As gaiolas terão grama natural ou artificial, ou capim, para simular o ambiente natural do terreiro. E cada gaiola terá um material macio, uma espécie de travesseiro, para as galinhas descansarem. (época)

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