terça-feira, 2 de março de 2010

O Chile três dias depois do terremoto

Por que há vinhos baratos e outros que custam fortunas? Quais o fatores que influenciam os preços?

Ainda que o Château Lafite ainda mantenha o recorde do maior preço pago por uma garrafa de vinho - US$ 156,450 por uma garrafa de 1787 dita como pertencente a Thomas Jefferson -, a vasta maioria dos enófilos fica contente em degustar vinhos que custam uma pequena fração desse preço. A disparidade de valores entre um vinho comum e um de alta gama produzido por vinícolas famosas é um dos aspectos do comércio de vinhos que mais fascina os consumidores.

Dois produtores, separados por apenas alguns quilômetros de distância, cultivam as uvas, colhem-nas, pisam-nas, deixam-nas fermentar, pressionam-nas, e, dependendo do estilo do vinho, podem deixá-los envelhecer em barricas de carvalho. Um ano depois, quando ele estão nas prateleiras de uma loja, um pode valer R$ 20 enquanto outro pode custar 100 vezes mais.

Há muitas razões para isso. Questões importantes incluem o terroir, reputação, escassez, classificação, influência dos críticos de vinho, poder da imagem ou marca, endosso por terceiros, custo da matéria-prima, influência das taxas de câmbio, transporte, tributação, margem de lucro e custo dos ativos tanto quanto o custo da atenção aos detalhes necessários para fazer uma bela garrafa de vinho.

Terroir

A primeira peça do quebra-cabeça para tentar entender essa disparidade de preços é o terroir: a influência do lugar em que as uvas são plantadas. Apesar de terroir ser uma palavra francesa, seu conceito se estende por todo o mundo do vinho. Em nível mais básico, é imediatamente evidente que algumas variedades de uvas cultivadas em locais diferentes produzirão vinhos diferentes, mesmo que as uvas sejam tratadas da mesma maneira pela vinícola. Estas diferenças devem-se à variação dos fatores físicos, tais como microclimas e propriedades do solo. Enquanto quase todos reconhecem a existência do "terroir", foram os franceses que adoraram esse conceito com mais entusiasmo. Certamente, vinhos de vinhedos de grande reputação - que têm fama de fazer grandes vinhos onde as variedades das uvas e o meio ambiente são perfeitos - atingem preços muito altos, que algumas vezes não correspondem à qualidade do vinho.

Reputação

A reputação tem grande influência no mundo do vinho. Nossos sentidos de paladar e olfato são facilmente enganados, ao que parece. Tratamos com muita expectativa garrafas que são supostamente grandiosas. Para os humanos, a informação visual é mais importante do que a informação sensorial, então tendemos a acreditar mais na visão. O falecido professor Peynaud, chefe do departamento de vinhos da Universidade de Bordeaux, argumenta que "degustações às cegas de grandes vinhos são sempre decepcionantes". Isso não quer dizer, contudo, que grandes vinhos nunca merecem suas reputações. Muito dos grandes merecem, ao menos em parte, a reverência que lhes é atribuída. Os vinhos top têm uma reputação que vai além do que há dentro da garrafa. Um bom exemplo seria o Sassicaia, criado em meados do século XX por Mario Incisa della Rocchetta, um marquês do norte do Piemonte. Esse vinho extraordinário foi criado abandonando as variedades tradicionais toscanas em favor de um corte bordalês. O vinho rapidamente ganhou reputação por sua qualidade e, consequentemente, os preços aumentaram. Nesses casos, o consumidor está pagando mais do que simplesmente uma excepcional garrafa de vinho.

Escassez Escassez

também é uma importante peça do quebra-cabeça. "Grandes" vinhos são sempre feitos em pequenas quantidades, mas há muitos enófilos ricos para quem somente servem os melhores produtos e o resultado é um grande número de pessoas perseguindo relativamente poucos vinhos. Para esses vinhos ditos como sendo os melhores, há uma grande demanda e relativamente pouca oferta, resultando num aumento de preços. Consumidores abastados não costumam procurar por bons custo-benefício; eles geralmente querem os melhores e estão preparados para pagar por isso. Algumas vezes, a escassez está ligada a fatos históricos, classificação ou uma combinação de ambos. O Château La Tour de Segur, atualmente Château Latour, cultivou sua reputação por séculos. Um de seus grandes admiradores foi Thomas Jefferson, o presidente norte-americano de 1801 a 1809, que considerava o château um de seus favoritos.

Peso da crítica

Se Thomas Jefferson, visto como um dos mais importantes críticos de seu tempo, teve efeito no preço dos vinhos, os críticos contemporâneos podem causar ainda mais impacto. O exemplo óbvio é Robert Parker, que tem a capacidade de fazer o preço do vinho subir. Por exemplo, veja o que sua resenha fez com o preço do Penfolds Grange 2004 nos últimos meses.

Apesar do poder da crítica, certas marcas conseguiram criar uma imagem que lhes possibilita ostentar preços mais elevados do que seus concorrentes diretos. O Cloudy Bay vale o quando é cobrado ou é uma questão de força da marca que foi criada ao longo dos anos? A mesma questão pode ser colocada sobre algumas famosas casas de Champagne. Além da imagem e da marca, há exemplos em que o endosso de terceiros e a participação de um consultor têm impacto no preço da garrafa. Helen Turley, Paul Hobbs e Michel Rolland são bons exemplos.

Matéria-prima

No outro extremo da indústria, vinhos do dia-a-dia (entry level), destinados ao consumo imediato, podem variar de preço devido ao custo de matéria-prima - como, aliás, todos os vinhos podem. No entanto, quando as margens são pequenas, poucos detalhes - como tipo e cor do vidro, tipo de fecho, estilo e cor do rótulo, assim como caixas em que o vinho é embalado - têm impacto. Nos mercados competitivos como Holanda ou Alemanha, estes fatores podem ser decisivos na obtenção de um negócio ou não.

Taxas de câmbio

Outro fator decisivo no preço do vinho é a taxa de câmbio. O valor da libra caiu de cerca de 1,5 para quase 1 euro atualmente. Esta é uma das principais razões pela qual as vendas de vinhos francês no Reino Unido sofreram tremendamente em 2009.

Transporte

Transporte também faz parte do custo. Em termos de vinhos finos, o custo do transporte é pequeno em comparação com o valor do produto, e não é uma questão importante. Entretanto, na parte de baixo desta pirâmide, o custo do transporte pode causar um impacto grande, a ponto de tornar o vinho mais ou menos competitivo dependendo de quanto ele viajar. Por exemplo, transportar vinho de Portugal para a Inglaterra pode ser duas vezes mais caro se comparado com os vindos do Vale do Loire, na França.

Tributação, lucro e qualidade

Uma vez que o vinho chega no país de destino, há a questão dos impostos. A tributação pode ser pouca ou inexistir, como no caso de Hong Kong, mas também pode ser extremamente alta em outras partes do mundo, como na Tailândia, onde os impostos podem chegar a 380%. Por exemplo, para uma garrafa cara, o custo do transporte, seguro e impostos causa pouco efeito no preço final. No entanto, para um vinho entry level, esse custo costuma ser mais do que a metade do total de seu preço.

Além da tributação, há as margens de lucro a considerar e elas tendem a variar ao redor do globo. Em mercados maduros, as empresas se consideram sortudas se fizerem 25%, mas, em mercados em desenvolvimento, como o Brasil, não são incomuns margens que alcancem três dígitos.

Na verdade, custa mais para fazer um bom vinho, ou seja, todo o cuidado necessário com o vinhedo, a perda econômica de diminuir o rendimento das vinhas ou plantar variedades de baixo rendimento, ou clones, na busca da qualidade, e o custo de boas novas barricas de carvalho contribui para aumentar os preços. Um produtor que se empenha pela qualidade ao fazer colheita verde, perdendo, por exemplo, 20% da sua produção, tem que compensar sua perda cobrando mais pelo produto final. O mesmo é válido para um produtor de Tokaj, Sauternes ou Trockenbeerenauslese alemão que têm que cobrar mais por um vinho afetado pela Botrytis cinerea, o que tende a resultar em uma perda de rendimento da ordem de 50% ou mais.

Custo dos ativos

Falando sobre diferentes regiões do mundo, há uma variação enorme de custos de ativos. Por exemplo, um hectare de terra no Napa Valley pode custar cerca de US$ 650 mil. Em compensação, um hectare em certas regiões da Espanha podem custar tão pouco quanto 10 mil euros. Os custos dos ativos invariavelmente terão impacto no valor final do produto, portanto esta é uma das razões pelas quais o Cabernet de Napa varia substancialmente de preço em comparação com ao Vin de Pays - tido agora como "Indicação Geográfica Protegida", como a nova legislação determina. Outro exemplo de como o alto preço de ativos influencia no custo pode ser encontrado em Champagne, onde as casas tem que pagar mais de cinco euros por quilo de uva.

Há uma variedade de fatores que influenciam o preço das garrafas que ficam lado a lado nas prateleiras de uma loja. Atualmente, o fator que mais influencia é a simples lei da oferta e procura. A economia global continua frágil e os consumidores estão buscando cada vez vinhos que reflitam o real valor do dinheiro. No topo, as vendas de super-premium ainda estão flutuantes com investidores escavando pechinchas para com propósito de investimento. No extremidade inferior do mercado, apesar de sua natureza competitiva, as vendas estão fortes, pois a maioria dos consumidores está apertando seus cintos e comprando vinhos mais baratos. A parte do mercado que está realmente sofrendo no momento são os produtores vendendo vinhos de qualidade média. Isso representa uma oportunidade para os conhecedores que gostariam de apreciar uma garrafa de vinho Premium sem necessariamente gastar uma pequena fortuna, pois há sinais de que os preços estão caindo. Apesar de o sonho de chegar perto de uma garrafa de Château Lafite 1787 possa ainda estar distante, agora, mais do que nunca, é a hora para o verdadeiro enófilo ir à caça de pechinchas.
(da revista adega).

Os dias devem encurtar por causa do terremoto no Chile

Quadro de Salvador Dalí, The Persistance of Memory.

O terremoto de 8,8 graus que atingiu o Chile no dia 27 de fevereiro provavelmente encurtou a duração dos dias na Terra.

Segundo divulgado hoje pela NASA, o cientista Richard Gross usou um modelo complexo para calcular como a rotação da Terra deve ter mudado como resultado dos tremores.

Ele e sua equipe do Jet Propulsion Laboratory (JPL) chegaram a um cálculo preliminar de que o terremoto deve ter encurtado o comprimento do dia terrestre em 1,26 microssegundos (cada microssegundo é igual a um milionésimo de segundo).

Mais impressionante do que isso é o quanto o tremor moveu o eixo da Terra. Gross calculou que o eixo geométrico da Terra teve variação de 8 centímetros. É importante ressaltar que o eixo geométrico é diferente do eixo magnético (eles são separados por cerca de 10 metros).

Isso acontece pois os grandes terremotos geralmente causam a mudança de posicionamento de centenas de quilômetros de rocha, mudando a distribuição de massa do planeta, o que afeta a rotação.

O movimento de rotação é justamente o “giro” que a Terra dá em torno do próprio eixo: se este foi afetado, o tempo dessa rotação também será.Cada dia representa uma volta que a Terra da em torno de si mesma. Com essa mudanças, o planeta passará a girar um pouco mais rápido, fazendo com que a duração de um dia seja menor.

Por comparação, Gross estima que o terremoto de 9,1 graus de Sumatra, em 2004, deve ter encurtado a duração do dia em 6,8 microssegundos e mudado o eixo da Terra em 7 centímetros.

Apesar de menor em magnitude do que o tremor de 2004, o evento no Chile possuía duas características que causam mais alterações no eixo. A primeira é o fato de ter ocorrido em latitudes médias da Terra, enquanto em Sumatra o terremoto ocorreu perto da linha do Equador. A segunda é o fato de a falha responsável pelo tremor chileno estar em ângulo mais íngreme do que a falha sumatra.

Mas esses números ainda podem mudar, uma vez que nem todos os dados do tremor chileno foram ainda consolidados.  (do infoabril.com).

Agradecimento: Amaury Augusto de Almeida, Prof. Associado, Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas do departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo.

A primeira volta ao mundo sem aterrissagem

Em 02 de março de 1949, um avião boeing B-50, chamado de Lucky Lady, fez a primeira viagem ao redor da terra sendo reabastecido em pleno ar. O voo teve um percurso de 37760  quilômetros com uma velocidade média de 400 km/h. Foram realizados 04 abastecimentos aéreos durante o voo que se tornou um marco na história da aviação, abrindo espaço para os futuros voos transglobais sem escala.  Leia mais aqui, uma interessante reportagem sobre este voo.

Sacred Ground

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Pós-terremoto: Por que os telescópios do Chile sobreviveram

O Chile sacudiu sob um terremoto de magnitude 8.8 no sábado, e apesar da morte de centenas, o Discovery com aponta para os muitos telescópios chilenos, construídos lá pela grande altitude e baixa umidade.

Na imagem acima está o VLT do European Southern Observatory, que foi construído numa montanha do deserto de Atacama, que é 50 vezes mais seco que o Death Valley da Califórnia, a 2.635 metros de altura. O lugar esteve a 1.370km ao norte do epicentro do terremoto, enquanto o observatório Gemini South estava a apenas 800km. Os servidores de ambos ficaram offline por um tempo depois do terremoto, mas logo foram restaurados. Outros telescópios na área também se saíram muito bem, apenas com cortes de energia e nenhum dano reportado até agora.

Como o país tem uma longa história com terremotos, o VLT e o Gemini South saíram ilesos. O autor Anil Ananthaswamy, expert nestas situações, disse que ambos os telescópios foram construídos para resistir a disastres naturais como o recém-acontecido.

"O espelho primário tem 18cm de espessura. Por causa do seu peso, o formato preciso do espelho pode se alterar se for inclinado. Por isso, 150 atuadores, sobre os quais o espelho repousa, continuamente empurrar e puxam o espelho ao menos uma vez por minuto para se assegurar que a curvatura original está sendo mantida. Mais impressionante que atuadores, são as braçadeiras ao redor das extremidades do espelho, que conseguem, assim que necessário, levantar o espelho, com todas as suas 23 toneladas, para separá-lo dos atuadores e segurá-lo na estrutura de suporte do telescópio no caso de um terremoto (tremores moderados, de até 7.75 Richter, não são incomuns aqui, graças à constante colisão entre as placas tectônicas de Nazca e da América do Sul). O telescópio inteiro foi desenhado para balançar durante um terremoto, e segurar o espelho primário evita que ele se choque com os tubos de metal que o cercam normalmente." (do gizmodo).

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